Instituto Histórico IMPHIC - Betim

"Sapire ut protego, Protego ut conservo"

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Localização: Rua Belo Horizonte, s/nº, Centro – Betim – MG



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http://www.funarbe.xpg.com.br/estacao_ferroviaria.htm

A Estação Ferroviária de Betim foi inaugurada em 28 de agosto de 1910, quando o município ainda se chamava Capela Nova de Betim, donde o nome Estação de Capela Nova pelo qual ainda é chamada pelos seus atuais funcionários. Fazia parte da construção do trecho da Estrada de Ferro Oeste de Minas que ligava Belo Horizonte a Henrique Galvão, atual Divinópolis (Fonseca, 197, 308/9)
A construção desse trecho que acompanhou o vale do Riacho das Areias e o Betim, deslocou o eixo de crescimento do Arraial da Capela Nova de Betim, que estava voltado para o sul, em Bandeirinha, para o norte (Assis, 19967: 11 a 13), estabelecendo um maior contato com a capital, Belo Horizonte, que havia sido inaugurada em fins do século passado. O contato se dava não apenas a nível econômico - a região de Betim era fornecedora de brita, bloquete e pedras para a construção da nova capital -, como também pelo deslocamento de betinenses que iam trabalhar e estudar em Belo Horizonte.
Quando a estação funcionava a "pleno valor" por lá passavam o "Noturno" que percorria cidades como Araxá, Uberlândia, Uberaba e Araguari, entre outras; o Misto das 10:00 horas que ia de Divinópolis a Belo Horizonte, tendo este nome porque levava carga e passageiros; os Cargueiros que tinham nomes: CB 15, CB 18, etc.
Também da Estação de Capela Nova saíam os Subúrbios das quatro e da seis horas da manhã, que iam de Betim a Belo Horizonte, substituindo os ônibus, levando os moradores que trabalhavam e estudavam na Capital.
As ferrovias foram, posteriormente, sendo paulatinamente substituídas pelas rodovias que, no Brasil, tiveram seu início na década de 1920 (Enciclopédia Barsa, 1986:249). Em Betim, o reflexo vai se dar acentuadamente a partir de fins da década de 50 com a implantação e modernização de uma rede de ferrovias federais que acompanham o surgimento da indústria automobilística. Por Betim irão passar a BR 381, que liga Belo Horizonte a São Paulo e a BR 262, que liga Belo Horizonte ao Triângulo Mineiro (Assis, 1996:14).
Há dez anos, aproximadamente, o Subúrbio parou de circular. Segundo depoimentos de funcionários, a empresa alegou que estava tendo prejuízos com os freqüentes atos de vandalismo que ocorriam.
Inicialmente, a Estrada de Ferro Oeste de Minas, da qual fazia parte o trecho Belo Horizonte-Henrique Galvão, pertencia à Estrada de Ferro Central do Brasil, sendo, posteriormente, incorporada à Rede Ferroviária Federal S/A - RFFSA, após a criação desta em 1957, com a finalidade principal de cumprir um plano de expansão racional das ferrovias brasileiras (Enciclopédia Barsa, 1986:335).
Em 30 de agosto de 1996 a RFFSA foi privatizada, passando a Estação de Capela Nova a pertencer à Ferrovia Centro Atlântico. Esta empresa tem a intenção de desativar a estação aos poucos. Atualmente, passam pela Estação apenas cargueiros, no máximo quatro por dia. No tempo da rede passavam até doze. Por outro lado, a estação possui apenas quatro agentes de estação e um segurança como funcionários. Segundo depoimento do Sr. Britaldo, guarda-chaves da Estação e seu funcionário durante trinta e sete anos, desde 1938, em sua época trabalhavam na estação oito guarda-chaves, além de agentes de estação, conferentes e seguranças. Para complementar o quadro de desativação lenta e gradual, hoje em dia, quase não são mais realizadas manobras de trens porque a estação tem como prioridade fazer apenas o controle de circulação de trens na região (depoimento do funcionário Márcio e Silva)
O estilo arquitetônico da estação atesta uma influência inglesa e, de acordo com entrevistas, é o mesmo de outras estações construídas à mesma época, sendo idêntico ao das estações ferroviárias de regiões próximas.
Já em meados do século passado, o Brasil incluía-se entre as nações que buscavam acompanhar os progressos tecnológicos nos meios de transporte como forma de circulação de suas riquezas, o que já era um reflexo das conseqüências da revolução industrial acontecida na Europa, tendo a Inglaterra como país motor desse processo.
Gostaríamos de finalizar estas observações afirmando que a importância da Estação não se deve apenas a uma ligação com fenômenos econômicos e políticos ocorridos a nível internacional, nacional e estadual com reflexos no local. Ela tem uma importância inter-regional muito grande a nível afetivo-cultural, na movimentação e encontro de pessoas e grupos da cidade de Betim com outras localidades da região. Um exemplo disto são os depoimentos dos congadeiros sobre o intercâmbio intenso que mantinham com outras cidades da região como Divinópolis e Itaúna, particularmente no período anual das festas de Nossa Senhora do Rosário, que acontecem entre os meses de agosto e outubro. Os trens facilitavam e acentuavam um encontro e troca de experiência rituais e existenciais que se tornaram mais difíceis na era das rodovias e com o encarecimento das passagens (Mendonça, 1996).

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