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"Sapire ut protego, Protego ut conservo"

O estilo barroco chegou ao Brasil pelas mãos dos colonizadores, sobretudo portugueses. Seu desenvolvimento pleno se deu no século XVIII, cem anos após o surgimento do Barroco na Europa, estendendo-se até as duas primeiras décadas do século XIX.
As primeiras manifestações do espírito barroco foram presenciadas não só em fachadas e frontões, mas também, principalmente, na decoração de algumas igrejas em meados do século XVII. A talha barroca dourada em ouro, de estilo português, espalhou-se pelas regiões do Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco.
Com a perda da força econômica e política, iniciou-se um período de certa estagnação no nordeste, com exceção de Pernambuco que conheceu o estilo rococó na segunda metade do século. O foco então voltou-se para o Rio de Janeiro, transformada em capital da Colônia em 1763, e a região de Minas Gerais, desenvolvida às custas da descoberta de minas de ouro (1695) e diamante (1730). Não por acaso, dois dos maiores artistas barrocos brasileiros trabalharam exatamente neste período: Mestre Valentim (1745-1813), no Rio de Janeiro e o Aleijadinho, em Ouro Preto e adjacências. E foi na suavidade do estilo rococó mineiro (a partir de 1760) que encontrou-se a expressão mais original do Barroco Brasileiro.
Já por volta do término do século XVII, os ideais estéticos renascentistas são traduzidos na manutenção da imobilidade, da rigidez, da solidez e da estruturação geométrica característica do século XVI.
Neste período a escultura é mais marcante que no período anterior, porém o que vemos é uma composição mais simples, estática e abaulada. Não se vê a forma do corpo sob a indumentária.
O fio de prumo desce da cabeça até meio dos pés, as figuras são imponentes, gordas, simplificadas e tem atitudes frontais. O único movimento existente, e este é pequeno, está localizado nos joelhos e braços.
Aproximadamente por volta de 1690, a estatuária se transforma, abandonando definitivamente a forma hierática e hirta, assumindo o espírito barroco.
O corpo passa a movimentar-se, com o panejamento caracterizando nesse estilo a vibração que lhe é peculiar. Vê-se isso pelos drapeados e a soltura no posicionamento dos braços e das pernas.
A cabeça torna-se mais proporcional e o entalhe mais delicado dando uma a expressão mais emotiva e com traços fisionômicos mais suaves.
A cabeleira apresenta de forma mais perfeccionista e detalhada. As bases não trazem muito rebuscamento e aparecem, também, em formas retangulares. Surgem os primeiros querubins estáticos e alguns elementos que sugerem almofadas.
O estilo joanino aconteceu de forma surpreendente em Minas Gerais, a partir da segunda metade século XVIII, por meio de vários artistas anônimos, destacando-se Francisco Xavier de Brito, que, com seu estilo inconfundível, influenciou uma gama de profissionais do período. Nessa fase, são assimiladas as características mais marcantes do barroco, como a composição rica, bojuda, sinuosa em S e C, com o panejamento artificial, excessivamente movimentado com suas formas esvoaçantes. As cabeleiras são elaboradas, trançadas de forma rebuscada e às vezes até com laços de fita. Os braços são movimentados, enquanto as bases monumentais se apresentam ornadas com querubins, distribuídos assimetricamente, envoltos em nuvens e volutas. A policromia tem tonalidades fortes e é variada, apresentando farto douramento, seja através do estofamento total com esgrafiados ou apenas em mancheteados, bem como pastiglios, punções e rendas metálicas.
No período rococó, absorvido em Minas a partir da sexta década do século XVIII, a escultura sacra tem como principais características a leveza, a ascendência, a afetação e a assimetria. O eixo central de composição se direciona da cabeça ao pé esquerdo (raramente ao direito); o manto é diagonalizado e nas bases os querubins são colocados aleatoriamente. Na policromia, mais contida, surgem as famosas rosas de malabar, e os tons das cores se tornam mais claros.
Por fim, no século XIX, com as devidas exceções dos artistas que ainda incorporavam os padrões rococós, como ocorreram com algumas peças baianas ou mesmo com as de José Joaquim da Veiga Valle, em Goiás, e do Mestre Valentim, no Rio de Janeiro, a escultura sacra, mais marcada pelo estilo em voga, o neoclassicismo, inspirado na arte greco-romana, reutiliza estilos anteriores, sem obter resultados plásticos muito significativos.

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