Instituto Histórico IMPHIC - Betim

"Sapire ut protego, Protego ut conservo"

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O prédio do “Colégio Comercial Betinense” ocupa um lugar importante tanto dentro da história da cidade quanto na memória de sua gente.
Foi nesse prédio que funcionou o primeiro Grupo Escolar de Capela Nova do Betim, então distrito municipal, criado pelo Decreto 2724, de 11 de janeiro de 1910.
A criação do Grupo Escolar seria um dos marcos do desenvolvimento da cidade nessa primeira parte do século, junto com a construção da ferrovia, na região do vale do Riacho das Areias e o Betim (1910) e a construção da usina hidrelétrica em 1914.
O grupo escolar surge como uma conquista política das lideranças locais junto ao governo do Estado. Como destaca o historiador Geraldo Fonseca, vilas e cidades mais importantes que Betim não possuiam ainda um grupo escolar, apesar de lutarem por isso. Convém lembrar que o grupo escolar representava uma inovação no campo do ensino primário, substituindo as cadeiras isoladas. O então secretário do interior, Dr. Estevão Leite de Magalhães Pinto, em relatório de 15 de junho de1910 explicava assim a mudança: “Grupo escolar é apenas uma reunião de escolas para, pela especialização dos professores, conforme grau de adiantamento dos alunos, conseguir resultados mais avantajados no mesmo espaço de tempo.” (Citado em, pg. 2).
A inauguração do grupo, no dia 17 de julho de 1910, reuniu a elite local, destacando-se a presença do vigário Osório de Oliveira Braga, personalidade carismática que marcaria a história da cidade durante mais de meio século, e que proferiu um dos discursos da inauguração. Apesar das dificuldades dos primeiros anos de funcionamento, com a mudança de vários professores, inexperientes nesse tipo de empreendimento de ensino primário, o grupo escolar ocupou uma posição fundamental na formação do povo betinense, funcionando no antigo prédio até a década de 60, quando se deu a construção do novo prédio onde funciona hoje o “Afonso Pena”.
O prédio antigo, no entanto, continuou a marcar presença dentro da história do ensino em Betim, com a criação no local do Colégio Comercial Betinense, em 1968. O Colégio Comercial desempenhou um papel importante na formação profissional, e por ele passaram nomes importantes na cidade.
Além da importância histórica do prédio em si, o mesmo se encontra situado em lugar estratégico, bem no coração da cidade, tendo à sua frente o marco da criação do muncípio de 1938. É um dos poucos prédios históricos de uma cidade que dentro da luta pelo desenvolvimento, esqueceu de preservar os marcos de suas conquistas.
O prédio é até certo ponto o mais significativo desses marcos, seja por ser o resultado de uma luta política, seja por sua importância na formação na comunidade betinense, tanto como escola primária, quanto como colégio comercial.
Seu significado está gravado na história de vida de inúmeras gerações da cidade. Seria sem dúvida importante o tombamento do prédio, antes que astúcia e ambição venham destruir um prédio que ajudou na formação do povo betinense.
O Colégio cumpre assim um papel importante na vida da população, estabelecendo laços entre a memória individual dos cidadãos que lá estudaram (ou participaram de outras atividades). A memória coletiva (guardadas das tradições locais) e a história (conjunto dos acontecimentos significativos de um povo - ver Halbwachs, A Memória Coletiva, cap.II). Na verdade, não é muito comum encontrar um bem cultural que articule com eficácia esses três níveis. Ele fez parte e continua a re(a)presentar a intimidade cúmplice dos atores sociais. Ele também representa o sonho de uma comunidade que através da fundação de uma escola, no início do século, buscava encontrar os caminhos para o desenvolvimento e bem estar social. Ele igualmente representa a vontade de ser cidade que o distrito de Capela Nova já expressava na luta pelo direito a um grupo escolar.
Do ponto de vista das representações de mundo é extremamente significativo que o marco de fundação do município se encontre à frente do Colégio Comercial – sem dúvida é uma das coincidências que demonstram que por trás da aparente desorganização dos bens urbanos, existe uma ordem significativa que guarda em si os segredos e sonhos de uma cidade. O Colégio é o desejo de ser cidade; o marco é o desejo realizado.
Assim o Colégio corresponde a definição de patrimônio cultural na Constituição Federal de 1988, que contempla os “bens de natureza material e imaterial (...)portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira.” (Seção II, do cap.III, título VIII, artigo 216)
E podemos considerar como significativo que o primeiro bem tombado em Betim venha a ser colégio. Isto seria reforçar a importância da educação na formação de uma comunidade.

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