Instituto Histórico IMPHIC - Betim

"Sapire ut protego, Protego ut conservo"

1700

 A história de Betim teve sua origem no século XVIII mais precisamente por volta de 1711 com a vinda do bandeirante Joseph Rodrigues Betim e a fundação do arraial de Capela Nova e da capela do arraial por parte do clero, Capela Nova do Betim, esta foi a primeira designação do local

Joseph Rodrigues Betim, cunhado do bandeirante Fernão Dias Paes Leme, requereu e
obteve do  Conselho Ultramarino da Corte Real Portuguesa, em 1711, a Carta de Sesmaria, relativa às terras localizadas no vale do Ribeirão da Cachoeira (Rio Betim), cujas terras pertenciam, àquela época, ao imenso território da primitiva Vila Real de Sabará.

Carta de Sesmaria dada a Joseph Rodrigues Betim em 14 de Setembro de 1711

 

CARTA DE SESMARIA DE JOSEPH RODRIGUES BETIM (Códice 7 - Colonial- Págs. 137/139 - APM)

 

Documento transcrito sem abreviaturas para maior compreensão do leitor .

 

Antonio de Albuquerque Coelho de Carvalho, etc. - Faço saber aos que esta minha Carta de Sesmaria virem, que havendo respeito ao que por sua petição me enviou a dizer o CAPITÃO JOSEPH RODRlGUES BETIM, que ele Suplicante se achava nestas Minas com quantidade de família de filhos, e filhas, e genros, sem que tivesse terra alguma em que se pudesse situar, e fazer suas lavouras; e por que se achavam devolutas algumas terras entre Paranbupeba, e a estrada que vai para as Abrobras, cujo distrito, digo, cuja distância poderia ser três léguas, pouco mais ou menos; e porque para poder acomodar suas famílias lhe eram necessários as ditas três léguas em quadra, que se lhe podiam inteirar correndo e começando do Ribeirão da Cachoeira para Norte, entre o dito Rio, e estrada, pelo que me pedia lhe fizesse mercê, atendendo às suas muitas obrigações, conceder as ditas três léguas de terra em quadra, começando do dito 'Ribeiro da Cachoeira para Norte, por Carta de Sesmaria. na forma do estilo; e visto seu requerimento, e informações que deu o Provedor Juiz das Sesmarias, e se não oferecer dúvida, Hei por bem de fazer mercê ao dito Capitão Joseph Rodrigues Betim, em nome de sua Majestade; que Deus Guarde, de lhe dar de Sesmaria duas léguas de terras que começarão do Ribeiro da Cachoeira, entre Paranbupeba e a estrada das Abrobas, declarando em sua petição, sem prejuízo de 3º, assim, e do mesmo modo que são, e com as referidas confrontações, com declaração que as ditas terras se cultivarão, e povoarão dentro em dois anos, e não o fazendo nelas se lhe denegará mais tempo, e se julgará por devolutas na forma das ordens de Sua Majestade de 22 de outubro de 1698. E outrossim será obrigado o dito Capitão Joseph Rodrigues Betim a mandar confirmar esta Carta de Data por Sua Majestade, que Deus Guarde, dentro em três anos pelo seu Conselho Ultramarino; Pelo que mando ao Provedor e Juiz das Sesmarias dos distritos do Rio das Velhas, Sabará e Caeté, lhe mande dár posse das ditas terras na forma do estilo; e a todos os oficiais de justiça, a quem o conhecimento desta pertencer," a faça cumprir, e' guardar integralmente coma nela se contém, a qual por firmeza de tudo lhe mandei passar por mim assinada e selada com o sinete de Minhas Armas, quê se registrará na Secretaria deste Governo, e aonde mais tocar. Dada nestas Minas Gerais aos 14 de setembro de 1711. O Secretario Manoel Pegado a Fez I Antônio de Albuquerque .Coelho de Carvalho.



A região de Belo Horizonte, onde se localiza o Município de Betim, teve seu desbravamento  motivado pelas arrancadas dos bandeirantes ou colonizadores em busca de ouro e pedras preciosas. Por volta de 1710, Joseph Rodrigues Betim se fixava no local, ponto de interesse comercial e passagem de farosteiro à busca das minas de Pitangui.

Betim e sua família, estabeleceram um acampamento às margens do Ribeirão da Cachoeira, que mais tarde recebeu o nome de rio do Betim.
Após a fixação no local, Joseph Betim requereu uma sesmaria, que passou a explorar. Na região construiu-se uma rústica capela. Anos depois, ergueu-se nova capela coberta de telhas, em torno da qual floresceu o arraial de Capela Nova de Betim.


A partir daí, começaram a chegar novos moradores, em número elevado, buscando terras devolutas, através de ordens governamentais, e desenvolvendo atividades agrícolas e pecuárias.


No inicio do ciclo do ouro, onde é hoje o Estado de Minas Gerais, em princípios do
século XVIII,  haviam as chamadas “Vilas do Ouro” – Sabará e Pitanguí – e Betim se confirmou como ponto estratégico por se localizar no trecho de confluência de ambas as Vilas. Importantes para que os viajantes oriundos de onde hoje é São Paulo, pernoitassem e reabastecessem para seguirem viagem. Da mesma forma era extremamente interessante, para a Coroa Portuguesa, que as vilas fossem de fácil acesso, tanto no que se diz respeito ao abastecimento quanto no próprio escoamento do metal precioso.

De acordo com a geógrafa Terezinha Assis (1997, p. 11) a estratégica posição do então arraial, situado entre a região mineradora do Rio das Velhas e as minas de Pitangui, o tornou um posto de troca de tropas, e favoreceu o desenvolvimento agrícola como fonte de abastecimento das áreas de mineração.

Instalando-se nas terras concedidas, Joseph Rodrigues Betim, com sua família e parentes permaneceu na região por apenas  um ou dois anos, pois começaram a desbravar o sertão. tem-se noticias do mesmo ja intalado em Pitangui no ano de 1713 junto a seu sogro Francisco Bueno de Camargo, dos Camargos de Atibaia. O povoado, formado na maioria, por paulistas, remanescentes de dramática e funesta contenda que ficou na história como “Guerra dos Emboabas”, foi crescendo e no ano de 1754 o povoado passou a ser conhecido como “Arraial da Capela Nova do Betim”. O Arraial de Capela Nova do Betim foi também conhecido como “Portal dos Sertões”, por ser entrada para a região de Pitangui e ainda uma das derivantes para São Paulo, Goiás, Bahia, Rio de Janeiro, Vila Rica (Ouro Preto), Vila Real de Sabará (Sabará) e Curral Del Rei (Belo Horizonte).

Neste sentido foram construídas pousadas na intenção de apoiar viagens às vilas. A construção mais antiga da cidade localiza-se no alto do morro denominado de “Capela Nova" trata-se de uma construção em estilo bandeirista edificada numa porção de terras altas. Ao redor  dessa pousada foram sendo construídas, no decorrer dos anos, casas menores de populares. Em frente à pousada, erigiu-se primeiro uma capela, conforme provisão episcopal de 9 de novembro de 1754 (este feito é um indício de formação de núcleo urbano). Nos conta o historiador Geraldo Fonseca (1975, p. 60) que o pedido para a construção da referida capela para a devoção de Nossa Senhora do Monte do Carmo partiu dos moradores da região de Bandeirinhas em 1753.

No ano de 1754, o povoado passou a ser conhecido como Arraial da Capela Nova de
Betim.

Por volta de 1766 Capela Nova já era quartel de uma das Companhias do Primeiro Regimento da Cavalaria Auxiliar de Sabará . Anos depois, após
1781, cria-se, no local, o Regimento de Infantaria da Capela Nova do
Betim, extinto em 1788, por decreto da Rainha Maria I

Em agosto de 1797, Bernardo José Lorena, Conde de Sarzedas, assumiu o governo da capitania de Minas, que criou novos distritos,
entre eles, o de Capela Nova de Betim.

Betim: o nome

O nome “Betim” é alusivo a José Rodrigues Betim, sertanista, que em 14 de setembro de 1711 recebe sesmaria de Antônio Albuquerque Coelho de Carvalho, “das terras que ficam entre o [Rio] Paraopeba e a estrada das Abóboras[Contagem]” (Geraldo Fonseca).

A origem de Betim está relacionada com o início do ciclo do ouro em Minas Gerais, em princípios do século XVIII. Especificamente, a cidade está ligada às “vilas do ouro” de Sabará e Pitangui.

Do ponto de vista geográfico, vindo de São Paulo, está localizada na confluência dos caminhos para Pitangui e Sabará. Dessa forma, a localidade se configura como ponto estratégico para viajantes (sertanistas, tropeiros são mais freqüentes) para o pouso e reabastecimento de viagens, que tinham como destino a Vila Real de Sabará ou a de Pitangui. Mais tarde, em agosto de 1797, passa a Distrito de Capela Nova de Betim.

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