Instituto Histórico IMPHIC - Betim

"Sapire ut protego, Protego ut conservo"

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Localização: Av. Padre Ozório Braga, 18, Centro – Betim –MG.



A edificação que serve de sede à Casa da Cultura é considerada a mais antiga da cidade de Betim. Segundo avaliação do IEPHA e outras fontes, sua construção se deu no século XVIII, o que significa que a mesma foi edificada pelos primeiros moradores da cidade. Situada próxima à antiga matriz de Nossa Senhora do Carmo, já demolida, presume-se que sua construção se deu no mesmo período da igreja. Segundo o historiador Geraldo Fonseca (1975, p. 60), o pedido para a construção de uma capela para a devoção de Nossa Senhora do Monte do Carmo partiu dos moradores da região de Bandeirinhas em 1753, sendo atendido em 1754, quando, graças a construção da igreja, surgiu o arraial de Capela Nova de Betim. A casa foi edificada nessa segunda metade do século XVIII, em pau-a-pique (pau e estrume de vaca), e traz as marcas das construções da época dos bandeirantes.
A casa foi usada a princípio como pousada de tropeiros que vinham de Goiás e São Paulo em direção à Sabará e outros centros de mineração. Segundo a geógrafa Terezinha Assis (1997, p. 11) a posição estratégica do então arraial, situado entre a região mineradora do Rio das Velhas e as minas de Pitangui, fez com que um posto de troca das tropas fosse instalado no local, além de favorecer o desenvolvimento agrícola como fonte de abastecimento das áreas de mineração. Em 1766 aproximadamente, Capela Nova era quartel de uma das Companhias do Primeiro Regimento da Cavalaria Auxiliar de Sabará . Anos depois, após 1781, foi criado o Regimento de Infantaria da Capela Nova do Betim, extinto em 1788, por decreto da Rainha Maria I.
Ao longo da história, a edificação recebeu outros usos, sempre comerciais, pelo que podemos notar. Por último, foi utilizada como mercearia. Em 1984, o imóvel foi desapropriado pela Prefeitura, já tendo em vista a instalação em seus domínios da Casa da Cultura. A restauração do prédio se deu em 1986, num sistema de vedação em pau-a-pique apoiado em embasamento de pedras, preservando assim suas características originais. Em maio de 1987, foi inaugurada como Casa da Cultura Josephina Bento, em homenagem a uma das primeiras professoras da cidade, Josephina Bento da Costa.
A Casa da Cultura representa hoje o local onde se realiza os principais eventos culturais de Betim, tais como: exposições individuais e coletivas de artistas plásticos, lançamento de livros, apresentações musicais (nos quintais da Casa), palestras, etc. Em suas dependências são ministrados uma série de cursos sob a administração da Fundação Cultural de Betim (Funarbe), tais como: piano, violão, clarinete, saxofone, flauta, capoeira, coral infantil e adulto, iniciação musical e outros. Além disso, nela está exposto um significativo acervo, reunindo peças da história do município e do Estado, fazendo dela espaço de conservação da memória betinense.
:: Casa da Cultura ::
A Casa da Cultura Josephina Bento foi construída por volta da segunda metade do século XVII (1700), na "confluência dos caminhos que vão para Sabará e Pitangui", que na época, eram conhecidas como "Vilas do Ouro". Sua finalidade inicial era servir de pousada para tropeiros, bandeirantes e sertanistas, que vinham de São Paulo com destino à Vila de Ouro. Além de pousada, na casa funcionava um comércio de secos e molhados. Existem indícios que a apontam como a primeira construção de Betim.
Durante as décadas de 1950, 60 e 70, existiu no local um boteco, conhecido popularmente como "Boteco dos Inchados". Juntamente com o boteco, a casa abrigava famílias. Cerca de cinco famílias já a habitaram simultaneamente.
Em 1985, a Casa foi desapropriada pela Prefeitura. No ano seguinte, iniciaram-se as obras de restauração. Em 1987, ela foi inaugurada como "Casa da Cultura Josephina Bento", em homenagem a uma das mais antigas professoras da região.
Em 1997, a Casa foi tombada como Patrimônio Histórico e Cultural, pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Betim, através da lei Municipal 2944/96, que trata da proteção e preservação do patrimônio cultural de Betim.
Apresentação
Este texto destina-se a apresentar o bem cultural “Casa da Cultura Josephina Bento”, situado à Praça Milton Campos. Após uma introdução, seguem-se um histórico geral do município e a descrição detalhada do bem em questão, sob os pontos de vista histórico e arquitetônico, para o que contribuem uma ampla documentação cartográfica e fotográfica. Uma vez estabelecida a sua importância cultural, este dossiê apresenta recomendações quanto às medidas de proteção a serem adotadas.

Histórico do Bem Cultural
A edificação que serve de sede à Casa da Cultura é considerada a mais antiga da cidade de Betim. Segundo avaliação do IEPHA e outras fontes, sua construção se deu no século XVIII, o que significa que a mesma foi edificada pelos primeiros moradores da cidade. Situada próxima à antiga matriz de Nossa Senhora do Carmo, já demolida, presume-se que sua construção se deu no mesmo período da igreja. Segundo o historiador Geraldo Fonseca (1975, p. 60), o pedido para a construção de uma capela para a devoção de Nossa Senhora do Monte do Carmo partiu dos moradores da região de Bandeirinhas em 1753, sendo atendido em 1754, quando, graças a construção da igreja, surgiu o arraial de Capela Nova de Betim. A casa foi edificada nessa segunda metade do século XVIII, em pau-a-pique (pau e estrume de vaca), e traz as marcas das construções da época dos bandeirantes.
A casa foi usada a princípio como pousada de tropeiros que vinham de Goiás e São Paulo em direção à Sabará e outros centros de mineração. Segundo a geógrafa Terezinha Assis (1997, p. 11) a posição estratégica do então arraial, situado entre a região mineradora do Rio das Velhas e as minas de Pitangui, fez com que um posto de troca das tropas fosse instalado no local, além de favorecer o desenvolvimento agrícola como fonte de abastecimento das áreas de mineração. Em 1766 aproximadamente, Capela Nova era quartel de uma das Companhias do Primeiro Regimento da Cavalaria Auxiliar de Sabará . Anos depois, após 1781, foi criado o Regimento de Infantaria da Capela Nova do Betim, extinto em 1788, por decreto da Rainha Maria I.
Ao longo da história, a edificação recebeu outros usos, sempre comerciais, pelo que podemos notar. Por último, foi utilizada como mercearia. Em 1984, o imóvel foi desapropriado pela Prefeitura, já tendo em vista a instalação em seus domínios da Casa da Cultura. A restauração do prédio se deu em 1986, num sistema de vedação em pau-a-pique apoiado em embasamento de pedras, preservando assim suas características originais. Em maio de 1987, foi inaugurada como Casa da Cultura Josephina Bento, em homenagem a uma das primeiras professoras da cidade, Josephina Bento da Costa.
A Casa da Cultura representa hoje o local onde se realiza os principais eventos culturais de Betim, tais como: exposições individuais e coletivas de artistas plásticos, lançamento de livros, apresentações musicais (nos quintais da Casa), palestras, etc. Em suas dependências são ministrados uma série de cursos sob a administração da Fundação Cultural de Betim (FUNARBE), tais como: piano, violão, clarinete, saxofone, flauta, capoeira, coral infantil e adulto, iniciação musical e outros. Além disso, nela está exposto um significativo acervo, reunindo peças da história do município e do Estado, fazendo dela espaço de conservação da memória betinense.
Descrição e Análise do Bem Cultural
A edificação em questão, em cujas dependência funciona hoje a “Casa de Cultura Josephina Bento”, localiza-se à praça Milton Campos, praça onde se encontrava a antiga matriz da cidade, demolida em 1969. Esta parte elevada da cidade constituiu o centro do núcleo original do povoado até o início do século, quando a construção da ferrovia que acompanhou o vale do Riacho das Areias e o Betim deslocou o eixo do crescimento do Arraial para a direção Norte.[14] Segundo a geógrafa Terezinha Assis, prova dessa centralidade estaria já na própria situação da “Igreja Velha” (antiga Matriz de Nossa Senhora do Carmo), “edificada com a frente voltada para o sul (Bandeirinha) e de costa para o centro da cidade”.[15] Assim, aquela praça apresentava um interessante conjunto de casas tradicionais, que ainda se mantinha nos anos 70, como pode ser comprovado pelo registro que delas fez o IPAC realizado pelo IEPHA. Ali, encontra-se o seguinte registro das mesmas:
“Conjunto de edificações presumivelmente, remanescentes do século XVIII e XIX.
Situadas nas proximidades da Casa da Cultura tornam-se importantes para a preservação do entorno tanto desta, como da Praça Milton Campos.
Implantadas no alinhamento com afastamentos laterais possuem partido retangular com o maior lado voltado para a via. O número 246 está implantado no meio do lote, possuindo amplo terreno arborizado. De único pavimento apresentam sistema construtivo em estrutura autônoma de madeira sobre alicerces de pedra, com vedações em adobe apresentando cunhais aparentes.
Recebem telhados em quatro águas com telhas do tipo capa e bica e beirais em cachorrada. No número 149 foi acrescentado um puxado posterior que recebe o prolongamento de uma das águas como cobertura.
Nas fachadas principais os vazios sobressaem sobre os panos das paredes. Os vãos abertos em verga reta mostram enquadramentos de madeira e vedação em folhas do tipo calha. Alguns vãos das fachadas laterais da edificação de número 149 apresentam vergas alteadas mais recentes que as outras.
De uso diversificado, residencial e comercial, as edificações encontram-se em precário estado de conservação, com exceção da de número 246 em estado satisfatório. Estas edificações correm o risco potencial de desabamento ou substituição.”
Hoje o quadro no entorno da “Casa de Cultura Josephina Bento” é bastante diferente, com o desaparecimento ou descaracterização dessas edificações mais significativas. Assim, o que se encontra lá hoje é uma praça já remodelada algumas vezes, com a inserção de elementos novos como uma fonte luminosa em 1988, lixeiras para coleta seletiva e um monumento à antiga Igreja, erigido em 1984. Cabe destacar, no entanto, que apesar da intensa substituição na ocupação do logradouro, a Praça Milton Campos ainda apresenta um conjunto predominantemente horizontalizado, caracterizando-se o seu uso por uma mescla de usos residenciais e comerciais. A arborização é bastante generosa, criando um ambiente agradável para permanência e eventos.
No final da Praça Milton Campos destaca-se a edificação que abriga a “Casa de Cultura Josephina Bento”, o mais significativo exemplar da arquitetura do período colonial na cidade. Edificada presumivelmente na segunda metade do século XVIII, em pau-a-pique (pau e estrume de vaca), a Casa da Cultura é o símbolo vivo do período inicial da história da localidade de Betim, refletindo em sua história a própria evolução do município. Assim, no período da formação da povoação inicial, ocorrida em função da posição estratégica da localidade, a casa foi usada como pousada de tropeiros que vinham de Goiás e São Paulo em direção à Sabará e outros centros de mineração. Neste sentido, representa bem a arquitetura desse final de século XVIII em Minas Gerais.
Localizado numa esquina e voltado para a praça, a edificação possui, como era usual, estrutura autônoma de madeira, com cunhais aparentes. O partido quadrangular eleva-se acima do passeio público através de alicerces de pedras. Também em pedra são as diversas escadas que dão acesso à edificação que se explicam pelo primitivo uso comercial dado à mesma.
A cobertura em quatro águas, telhas curvas e beirais em cachorrada, apresenta caimento proporcional à volumetria do único pavimento.
Nas fachadas predominam as linhas horizontais e os cheios em relação aos vazados. Os vãos, ordenados ritmicamente, recebem enquadramento em madeira com vergas alteadas e folhas do tipo calha.
O terreno aos fundos possui grande número de árvores frutíferas, contribuindo para o embelezamento do entorno.
Ao longo da história, foi se modificando o uso original, mantendo no entanto a edificação seu caráter comercial. Nos anos 70 e início dos 80, foi utilizada como mercearia. Na ficha do IPAC-IEPHA, datada de 1982, consta a seguinte informação: “A edificação utilizada para fins comerciais está recebendo projeto de restauração pelo IEPHA/MG em convênio com a Prefeitura de Betim. Encontra-se em precário estado de conservação, correndo o risco potencial de desabamento.” Em 1984, finalmente, o imóvel foi desapropriado pela Prefeitura, já tendo em vista a instalação em seus domínios da Casa da Cultura. A restauração do prédio se deu em 1986, num sistema de vedação em pau-a-pique apoiado em embasamento de pedras, preservando assim suas características originais. Em maio de 1987, foi inaugurada como Casa da Cultura Josephina Bento, em homenagem a uma das primeiras professoras da cidade, Josephina Bento da Costa.
Quanto ao estado de conservação, este é bom, tendo hoje a edificação um amplo e variado uso, com a realização de uma série de atividades culturais em seu espaço, tais como exposições, palestras, oficinas, entre outros.
Medidas de Proteção Propostas - Enquadramento Legal
A proteção ao denominado patrimônio cultural mereceu da Constituição Brasileira de 1988 referência explícita em alguns trechos, dentre os quais cabe destacar o art. 216, onde se definem os termos e as formas de proteção:
Art. 216 - Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto e portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
§ 1° - O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação.
Em Betim, a proteção ao patrimônio cultural foi instituída pelas Leis Municipais N. 2.944, de 24 de setembro de 1996, que “estabelece a proteção do patrimônio histórico e artístico de Betim, atendendo ao disposto no artigo 166, V da Constituição Estadual e Art. 161 da Lei Orgânica Municipal, e dá outras providências”, e N. 2.968, de 13 de dezembro de 1996, que “cria Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Betim e dá outras providências”.
Assim, considerando que a “Casa de Cultura Josephina Bento” pode ser enquadrada na definição de “patrimônio cultural do município”, exposta no Art. 1. da Lei N. 2.944 / 96, que adapta a Constituição Brasileira de 88, sugere-se o seu tombamento por parte do Conselho Delibertativo do Patrimônio., conforme os procedimentos descritos na mesma lei, especialmente em seus parágrafos 3. a 12.
Medidas Complementares
Para a proteção da “Casa de Cultura Josephina Bento” recomendam-se ainda:
Proteção do entorno imediato ao casarão - recomenda-se que o tombamento se estenda ao entorno imediato do casarão, abarcando todo o terreno hoje ocupado pela “Casa de Cultura Josephina Bento”. Para a preservação de um bem imóvel dessa significação é importante também a preservação da relação espacial em que este se insere.
Proteção da Praça Milton Campos - devem ser estudadas, em conjunto com a Secretaria de Planejamento, medidas suplementares de proteção, extensivas ao conjunto da praça Milton Campos, que, apesar da descaracterização arquitetônica do conjunto original, ainda mantém até hoje uma homogeneidade de ocupação horizontalizada, que deverá ser preservada.

Referências Bibliográficas:
• Assis, Terezinha. A História da Construção de Betim. Betim : SEGRAC, 1997.
• BENJAMIN, Walter. Obras Escolhidas I. Magia e Técnica, Arte e Política. Brasiliense: São Paulo, 1986.
• BOSI, Alfredo. “Cultura como tradição”. In: FUNARTE. Tradição e Contradição na Cultura Brasileira. Rio de Janeiro, FUNARTE/MEC, 1985.
• BOSI, Ecléa. Memória e sociedade. Lembranças de Velhos. EDUSP: São Paulo, 1987.
• CARTA DE OURO PRETO. Ouro Preto, 1992 (mimeografado).
• CHAUÍ, Marilena. "Política Cultural, Cultura Política e Patrimônio Histórico". In: O Direito à Memória. Patrimônio Histórico e Cidadania/DPH. São Paulo, DPH, 1992.
• Fonseca, Geraldo. A Nova Força de Minas. Betim, sua História: 1911/1975. Betim, 1975.
• Halbwachs, Maurice. A Memória Coletiva. São Paulo: Vértice, 1990.
• LÉVI-STRAUSS, Claude. Tristes Trópicos. Editorial Universitária de Buenos Aires: Buenos Aires, 1970.
• MAGALHÃES, Aloísio. “Bens Culturais: instrumento para um desenvolvimento harmonioso”. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Rio de Janeiro, nº 20 / 1984.
• PORTOGHESI, Paolo. Depois da Arquitetura Moderna. Martins Fontes: São Paulo, 1982.
• SANTOS, Carlos Nelson F. dos. "Preservar não é tombar, renovar não é por tudo abaixo". Revista Projeto, n. 86, Abril, 86.
• SEGRE, Roberto. "Havana: O resgate social da memória". In: O Direito à Memória. Patrimônio Histórico e Cidadania. São Paulo: DPH, 1992.
• VASCONCELOS, Sylvio de. Arquitetura no Brasil: Sistemas Construtivos. Belo Horizonte: Rona Editora, 1979. (5a. edição)
Ficha Técnica
Este dossiê foi elaborado a partir do convênio estabelecido entre a FUNDAÇÃO ARTÍSTICO CULTURAL DE BETIM (FUNARBE), o NÚCLEO DE ESTUDOS EM ANTROPOLOGIA E DESENVOLVIMENTO (NEAD), e a UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG), entre outubro e dezembro.
EQUIPE UFMG / Pesquisa “Políticas Preservacionistas para Betim”:
Antropólogas: Ana Lúcia Modesto/Cleonice Pitangui
Arquiteto: Leonardo Barci Castriota
Colaboração: Arq. Jurema Marteleto Rugani
-------------------------------------------------------------------------[1] Pellegrini Filho, 1993, p.91.
[2] Lemos, 1981, p.29.
[3] CHAUÍ,1992. p.46.
[4] Carta de Ouro Preto. Ouro Preto, 1992.
[5] SANTOS, 1986. pp. 59/63.
[6] Neste sentido, cf SANTOS, 1986. pp. 59/63.
[7] PINTO, Welligton. Minas Dicinário Estatístico Geográfico e Histórico. Belo Horizonte: Editora. 1983, p. 21.
[8] BARBOSA, Waldemar de A. Dicionário Histórico-Geográfico de Minas Gerais. Belo Horizonte: Saterb, 1971. P. 70/71.
[9] TRINDADE, Cônego Raimundo. Instituições de Igrejas no Bispado de Mariana. Rio de Janeiro: MEC, 1945. (Publicações do SPHAN, N. 13). P. 57.
[10] Idem, ibidem.
[11] SENNA, Nelson de. Anuário de Minas Gerais. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1909. P. 993/995.
[12] ENCICLOPÉDIA DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS. Rio de Janeiro: IBGE, 1958. Vol. XXIV. P. 188.
[13] BARBOSA, Waldemar de A. dicionário Histórico-Geográfico de Minas Gerais. Belo Horizonte: Saterb, 1971. P. 70/71.
[14] A esse respeito, confira ASSIS, 1997. PP. 11/14.
[15] Idem, pp. 12/13.

 

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CASAS DE CULTURA - UM CONCEITO DISSEMINADO NO BRASIL NA DECADA DE 80

As casas de cultura devem ser geridas de forma que os equipamentos existentes estejam voltados para o favorecimento da expressão cultural da população. Ou seja, não devem se limitar a oferecer aos cidadãos a oportunidade de tomar contato com a produção do mercado artístico. Valorizando-se atividades de formação, debate e promoção da produção local, pode-se transformar a casa de cultura em algo mais do que um equipamento de apresentação de produções culturais: ela pode se tornar uma referência para a sociedade local, constituindo-se um espaço onde os cidadãos agem organizada e coletivamente.
Dando um passo adiante, é importante que uma casa de cultura seja um lugar onde os produtores de cultura da região, não só artistas, mas também professores, estudiosos e pensadores possam criar núcleos de produção, debate, crítica e divulgação de suas experiências de formação e análises de informação.
Entre as muitas atividades que podem ser realizadas em uma casa de cultura, destacam-se:
a) facilitar o acesso à produção artística local, regional, nacional e internacional, sediando mostras, exposições e espetáculos;
b) criar condições para programas de recreação ou vivência, rodas livres de expressão;
c) constituir núcleos de aprendizado, produção e assessoria à expressão artística da população, articulando e oferecendo laboratórios de apoio à expressão e oficinas de arte em áreas como teatro, música, literatura, artes plásticas, vídeo, dança, abrangendo técnicas de criação e produção;
d) promover o resgate da memória e a valorização da história local, com debates, conferências ou exposições;
e) auxiliar as atividades de ensino da rede escolar, realizando eventos complementares, como espetáculos, mostras culturais e científicas, exposições de cultura ou arte, conferências e debates, organizados conjuntamente com os educadores e alunos;
f) articular atividades de produção local de rádio ou TV.
Em qualquer dessas atividades, o desenvolvimento da cidadania deve ser colocado como elemento central para as ações voltadas para os diversos públicos atendidos por uma casa de cultura, de acordo com suas especificidades como escolaridade, faixa etária, condição profissional e acesso a bens culturais.

GESTÃO
Ao se pensar em desenvolvimento da cidadania, uma casa de cultura deve ter uma dinâmica própria. É preciso prever um grau de autonomia na relação com a prefeitura, que pode ser conseguido pela incorporação de representantes da sociedade na gestão e no planejamento das atividades de uma casa de cultura.

IMPLANTANDO
Para a definição de local de implantação de uma casa de cultura, deve-se considerar as demandas existentes nos diversos bairros ou distritos do município. As possibilidade de acesso ao local merecem análise cuidadosa, especialmente em municípios mais populosos e de maior extensão territorial. Como critério menos importante, mas que não pode ser desprezado, é necessário considerar a existência de imóveis que possam receber esse uso. Tem sido comum instalar casas de cultura em imóveis de valor histórico, especialmente em processos de revitalização de centros urbanos. A instalação de uma casa de cultura pode auxiliar em projetos de recuperação de áreas submetidas à degradação de seus usos. Imóveis municipais que venham sendo subutilizados também podem ser aproveitados.
A implantação de uma casa de cultura não deve surgir de ações unilaterais do governo, sob o risco de que ela se transforme em simples equipamento de exibição de produções artísticas. Para integrá-la em um processo de desenvolvimento da cidadania, é indispensável que se realize uma articulação do governo municipal com agentes locais, especialmente aqueles com atuação no campo da cultura. Essa articulação deve contemplar a participação em decisões como localização, projeto arquitetônico e equipes fixas a serem constituídas. Esse tipo de interação entre sociedade e governo municipal tende a facilitar a implantação de uma gestão participativa da casa.

AVANÇANDO
Para que se consiga que uma casa de cultura ajude a promover uma cidadania ativa entre a população que atinge, seu potencial de comunicação e atração da população deve ser utilizado para auxiliar em processos de formulação e implantação de políticas públicas. É importante que ela seja um ponto de referência da organização da população e de seu contato com o poder público municipal.
O coordenador e demais funcionários de uma casa de cultura, dentro dessa ótica, têm uma tarefa bastante ampla, auxiliando no diálogo entre sociedade e prefeitura, atuando como facilitadores dessa relação. Isso exige deles, além de capacidades no campo da ação cultural, uma certa sensibilidade política, que não pode ser entendida simplesmente como apoio incondicional ao governo municipal, mas como capacidade de interlocução com diferentes atores sociais. Trata-se de fazer desses trabalhadores da cultura agentes capazes de integrar as ações do campo cultural a processos sociais mais amplos, sob a ética da promoção da cidadania.

RESULTADOS
À medida em que se prioriza a gestão de casas de cultura como instrumento de promoção da cidadania, é possível oferecer à população um espaço para individuação sem mercantilismo, nem ideologia acrítica, onde o cidadão atue e se perceba como agente ativo da política cultural e da vida de sua comunidade. Valorizando a produção local, chamando os cidadãos a participarem de sua gestão e a socializarem seu saber individual, a casa de cultura atua contra a dominação cultural por modelos e procedimentos massificados ou do mundo "ilustrado" das elites.
Dentro dessa visão, as casas de culturas é um espaço de vivência comunitária da região. Contribui, portanto, para a criação e reforço de relações sociais baseadas na identidade local e na solidariedade. Os efeitos desse tipo de vivência ultrapassam o sentido meramente artístico, recreativo ou educativo. Colocam-se no campo político, como elementos de construção de uma cultura política nova, baseada na noção de cidadania e na participação da sociedade na gestão das políticas e equipamentos públicos.
Configurando-se como um espaço de reunião e encontro dos cidadãos da cidade ou região, uma casa de cultura pode assumir um papel de pólo de organização da população não só em torno do saber e das artes, mas também em torno da discussão da ação coletiva em questões locais ou mesmo de abrangência mais ampla.
Esse caráter de ponto de referência da população para o aprofundamento e discussão de questões de seu interesse tende a contribuir para tornar mais crítica a postura dos cidadãos frente às ações do governo local. Longe de ser encarado como um problema, deve ser tomado como uma oportunidade para desenvolver instrumentos de gestão democrática e para aproximar o governo municipal das carências dos cidadãos, sem depender de estruturas políticas clientelistas.

  Olá, não sei se estou equivocada mas acho que há uma contradição neste texto, existe uma informação de que a casa foi construida na mesma época da antiga matriz de Nossa Senhora do Carmo, por volta de  1750, porém no mesmo texto existe a informação de que fora edificada em 1711.  Gostaria de saber qual é a informação verdadeira, ou se eu realmente li algo errado.

Obrigado.

Foi, muito provavelmente, na segunda metade do sec. XVIII. 1711 foi o ano de pedido e recebimento da sesmaria e ja em 1713 Joseph Rodrigues Betim ja não se encontrava mais aqui na região. Mudou-se para Pitangui.

Olá, estou á procura de dados sobre a construção, ou a reforma da Casa, dados técnicos que expliquem a estrutura, cobertura, revestimentos, alguém sabe se eu consigo tais informações?

Obrigado.

Helena,

A casa sofreu um processo de resconstituição denominado "pastiche", me parece, portanto boa parte da estrutura e material dela nao é original, mesmo porque os materiais construtivos do sec. XVIII talvez nao resistiriam ao trafego intenso de caminhões e ônibus. No acervo do instituto temos algumas fotos da decada de 80, quando a casa passou pelo processo de reconstrução. De qualquer forma procure o dossiê de tombamento da Casa na Funarbe ou no IEPHA. A casa passou por uma reforma em 2003/2004 e deve ter o processo de intervenção, aprovado pelo Conselho, na Funarbe.

 

Casa da Cultura – Josephina Bento
Caderno de Visitação


Ficha Técnica

Presidente
Charles Moraes de Lima

Coordenação de Educação Patrimonial
Simone Lasmar

Organização:
Charles Moraes de Lima

Revisão:

Projeto Gráfico:

Fotos
Acervo Imphic

Foto de Capa
Casa da Cultura – pintura de Alberto Braga

Boas Vindas

s Casas de Culturas são locais de atividades culturais, onde há várias atividades, como oficinas, teatros, salas de literatura, músicas. No ano de 1987, o imóvel foi restaurado dentro dos conceitos da época. Com a inauguração no dia 29 de maio de 1987, a Casa da Cultua Josephina Bento apresenta todas as condições para seu pleno funcionamento. A Casa da Cultura é um espaço que têm por objetivo promover a formação, expressão e cultura para crianças, jovens e adultos, atuando também como polos culturais. É um lugar para as pessoas descobrirem seus potenciais e protagonizar a mudança de sua relação com o mundo. A Casa da Cultura conta com uma equipe dedicada a cultura da cidade. Para o enriquecimento de suas atividades e interação com a cidade, a Casa têm o apoio e estabelece parcerias com os diversos setores do governo nas esferas federal, estadual e municipal; órgãos públicos; empresas privadas; organizações não governamentais e sociedade civil no município. A Casa da Cultura busca atuar nos eixos de Valorização Cultural, Gestão Cultural e Formação Cultural através da interação com os indivíduos e suas comunidades, para que as pessoas descubram seus potenciais e tenham novas perspectivas.
"A valorização de nosso Patrimônio Cultural depende, necessariamente de conhecê-lo. E sua preservação, do orgulho que possuímos de nossa própria identidade.”(Autor Desconhecido)
Lembrando o mote de um Instituto da cidade: "Sapire ut protegas, Protegere ut conserues" (Conhecer para Proteger, Proteger para Preservar), somente conhecendo podemos entender porque preservar


A edificação que serve de sede à Casa da Cultura é considerada a mais antiga da cidade de Betim. Segundo avaliação do IEPHA e outras fontes, sua construção se deu no século XVIII, o que significa que a mesma foi edificada pelos primeiros moradores da cidade. Situada próxima à antiga matriz de Nossa Senhora do Carmo, já demolida, presume-se que sua construção se deu no mesmo período da igreja. Segundo o historiador Geraldo Fonseca (FONSECA, 1975), o pedido para a construção de uma capela para a devoção de Nossa Senhora do Monte do Carmo partiu dos moradores da região de Bandeirinhas em 1753, sendo atendido em 1754, quando, graças a construção da igreja, surgiu o arraial de Capela Nova de Betim. A casa foi edificada nessa segunda metade do século XVIII, em Taipa (pau e estrume de vaca), e traz as marcas das construções da época dos bandeirantes. A casa foi usada a princípio como pousada de tropeiros que vinham de Goiás e São Paulo em direção à Sabará e outros centros de mineração. Segundo a geógrafa Terezinha Assis (ASSIS, 1997) a posição estratégica do então arraial, situado entre a região mineradora do Rio das Velhas e as minas de Pitangui, fez com que um posto de troca das tropas fosse instalado no local, além de favorecer o desenvolvimento agrícola como fonte de abastecimento das áreas de mineração. Em 1766 aproximadamente, Capela Nova era quartel de uma das Companhias do Primeiro Regimento da Cavalaria Auxiliar de Sabará . Anos depois, após 1781, foi criado o Regimento de Infantaria da Capela Nova do Betim, extinto em 1788, por decreto da Rainha Maria I.

O Que são Fontes Históricas
Como o historiador pode saber de coisas que aconteceram em um passado muito, muito distante? Para saber do passado, o historiador conta com a ajuda de fontes históricas. Fontes históricas permitem ao historiador recontar e interpretar os fatos passados e reconstruir a história. As fontes históricas podem ser materiais ou imateriais. As fontes históricas materiais são objetos, vestígios arqueológicos e documentos. No caso de fontes imateriais são lendas e contos antigos passados de pai para filho, através de depoimentos transmitidos oralmente. Essas relações entre as várias fontes históricas do conhecimento humano sobre o passado que vai sendo interpretado e reconstruído nos ajuda a reconstruir a ideia de nosso passado. Infelizmente muitas fontes históricas se perderam com o passar do tempo, mas com a ajuda de arquivos públicos e particulares, bibliotecas, museus e colecionadores, outras fontes históricas têm sido preservadas e guardadas. Anote os tipos de fontes históricas que você está vendo durante a visita:

Edificações como Fontes Históricas
Patrimônio histórico edificado pode ser visto como um artefato na medida em que tanto um como o outro são construções humanas, isto é, são coisas feitas pelo homem. Assim podemos ver que uma edificação histórica pode, também, ser tratada como um artefato. Deste modo, se elege o conceito de patrimônio histórico edificado, por este ser uma construção arquitetônica que tem sua estrutura preservada pela prática do tombamento ou, em outros termos, por ser uma construção representativa de uma dada coletividade.
Você está vendo alguma característica na edificação que indica a história dela?

Tropeiros e suas paradas
A explosão do ouro na região onde hoje é o Estado de Minas Gerais, em meados do século 18, fez com que aumentasse a necessidade de levar mantimentos para abastecer os pequenos povoados que começavam a crescer Brasil adentro. É aí que entra o tropeiro: espécie de caminhoneiro sem motor, pois transportava mercadorias e alimentos para a região das minas, onde a agricultura e a criação de gado haviam sido proibidas pela Coroa para não dispersar a mão-de-obra do ouro. Os tropeiros eram bastante organizados. Suas viagens contavam com paradas em distâncias regulares nas rotas. Em alguns casos, as bandeiras montavam um acampamento fixo conhecidos como Bandeirinhas, que poderia ficar ali estabelecido por semanas ou até mesmo meses, enquanto grupos menores da bandeira exploravam os arredores. As vezes eram formados do “pouso”, “rancho”, “venda” e “estalagem”. Com isso, pequenos roçados chegaram a serem plantados e em alguns casos, chegaram a se tornar arraiais.

O caminho
Em 1711, a Coroa também iniciou franca política de urbanização na região das minas, aspirando a assegurar o controle da área mais valiosa da América portuguesa, agrupando indivíduos em povoados consolidados, reduzindo assim as possibilidades de contrabando. Sob o discurso ideológico de que a ereção de vilas era o melhor meio de “civilizar” e “desenvolver os rudes povoados” no território das Minas Gerais: Sabará, N. S. do Carmo (Mariana) e Vila Rica, em 1711; São João del Rey, em 1712; Vila do Príncipe (Serro Frio) e Vila Nova da Rainha do Caeté, em 1714; Vila Nova do Infante (Pitangui), em 1715; e São José del Rey (Tiradentes), em 1718.Os arraiais que tiveram origem espontânea no decorrer da primeira década foram progressivamente alojando os oficiais administrativos provenientes do reino.
Como os mapas conseguem nos ajudar a descobrir a história? Qual a importância desses caminhos para a época?
Marque no mapa onde se localizava Betim no Séc. XVIII.

Portal dos Sertões
Por volta de 1694 ou 1695, minas de ouro foram descobertas e a região fora batizada de Minas Gerais. A "corrida do ouro" havia começado, e em pouco tempo se tornaria em uma "febre do ouro". Desta região as bandeiras tomavam rumo para as vilas do ouro dentro do sertão mineiro. Com suas idas e vindas, os tropeiros paravam para descansar e de novo prosseguir viagem. Esses ranchos de pouso eram pequenas construções muito simples e de material não muito durável. De acordo com o gosto dos tropeiros, os ranchos deveriam ser construídos sendo divididos em duas metades, uma fechada até acima, com estribas nas paredes para guardarem as cargas, e outra com meia parede e duas porteiras seguidas no meio para descarregarem as tropas, e fazerem as suas cozinhas; e que devem ser feitas de taipa e cobertas de telhas. Os ranchos foram muito importantes para os tropeiros e para as tropas que abriam caminhos, como também na fixação de costumes e comportamentos afros a nosso espaço geográfico.

Guerra dos Emboabas e a ocupação da região
A chamada Guerra dos Emboabas travada por Minas, entre 1707 e 1709, tendo Manuel da Borba Gato (genro de Joseph R. Betim) um dos principais representantes dos paulistas contra os emboabas se desenrolou, pelo simples motivo, que os paulistas queriam que o rei reconhecesse que devido a árduo trabalho que eles realizaram com suas bandeiras, detivessem monopólio da exploração aurífera, não permitindo que outros ali fossem explorar as minas de ouro. Os paulistas acabaram perdendo a causa, e a Coroa decidiu criar uma nova capitania, batizando de Capitania de São Paulo e Minas de Ouro, criada em 3 de dezembro de 1709, embora o nome de São Paulo, não significava que os paulistas passaram a controlá-la, pelo contrário, a Capitania de São Vicente é que fora englobada a nova capitania. E A partir dessa data Antonio de Albuquerque passa a regularizar a situação das terras através do sistema de sesmarias.
Qual a importância da Guerra dos Emboabas para Betim e para a história do Brasil?

A ocupação das terras
Com o desenvolvimento do caminho até as vilas do ouro começaram a surgir pontos de parada ou pouso de tropeiros que com o passar dos anos se transformaram em municípios que formam hoje as cidades que seguem pela Rodovia Fernão Dias. Nessa época, os campos naturais da região tornaram-se muito disputados e a coroa portuguesa começou a expedir cartas de sesmarias em favor de homens de prestígio político local. Os viajantes paravam nos ranchos de pouso, se reuniam, dançavam, cantando e dançando o batuque, comiam peixes secos e outros tipos de alimentos. Com a água do cozimento dos peixes, faziam pirão adicionando farinha de mandioca para engrossar como um mingau e levavam em potes para comerem durante suas viagens. Como se deu a ocupação de terras em Betim?

Sesmaria
O fato da região de Betim ser alvo de uma carta dada por Sesmaria demonstra o interesse de que essa região fosse povoada e colonizada. Para entender isso precisamos entender o que era o instrumento de "Sesmaria". A Sesmaria foi um instituto jurídico português que normatizava a distribuição de terras destinadas à produção. Este sistema surgira em Portugal durante o século XIV. Quando a conquista do território brasileiro se efetivou a partir de 1530, o Estado português decidiu utilizar o sistema sesmarial no além-mar,com algumas adaptações. A grande novidade desta lei é a instituição do princípio de expropriação da propriedade caso a terra não fosse aproveitada. Procurava-se repor em cultivo terras que já o haviam tido e que os fatos já mencionados tinham transformado em baldios. A lei das Sesmarias foi como que uma reforma agrária. No entanto, não se sabe com clareza até que ponto foi cumprida e em que medida contribuiu para uma reestruturação da propriedade e para a resolução da crise. Qual a importância da Carta de Sesmaria para Betim?

Arquitetura Bandeirista
Com a ocupação e fixação na terra o rancho de tropeiros passa ter uma função de habitação fixa e inicio de povoamento. A casa bandeirista foi consagrada pela historiografia brasileira de arquitetura com o objetivo de se referir às construções rurais paulistas residenciais do período colonial. A expressão casa rural paulista também pode ser encontrada na bibliografia sobre o assunto. Trata-se em geral de edificação rural, geralmente a sede de uma fazenda, erigida nas proximidades das vilas durante os séculos XVII e XVIII. Esse tipo de casa é construída com a técnica de taipa, possui uma planta tipicamente simples, em forma quadrada ou retangular, ladeada por cômodos e abre-se para um salão principal, pelo qual tem-se acesso a outros cômodos. Alguns poucos exemplos de casas bandeiristas resistiram ao tempo e chegaram até os nossos dias, como a Casa da Cultura Josephina Bento. Porque a casa foi construída neste estilo?

Telhados
O sistema de cobertura mais comum era o telhado de duas águas, onde uma parte da chuva era lançada sobre a rua e a outra sobre o quintal, e sua extensão garantia, de modo geral, a sua absorção pelo terreno. Os telhados são, por assim dizer, a marca da arquitetura colonial. As telhas são sempre cerâmicas, de capa e canal, ou capa e bica, também chamadas telhas canal ou colonial. Inicialmente eram moldadas artesanalmente por escravos, que usavam suas coxas como molde, o que dá idéia de suas dimensões e forma.Eram naturalmente muito irregulares, o que gerou uma expressão popular “feitas nas coxas”. A construção sobre os limites laterais, na expectativa de construções vizinhas de mesma altura, procurava garantir uma relativa estabilidade e a proteção das empenas contra a chuva, o que, quando não era correspondido, se alcançava através do uso de telhas aplicadas verticalmente. A “meia-água” era geralmente utilizada em construções de menor importância, como o rancho e a cozinha. O telhado de duas águas era muito utilizado em construções urbanas, sobretudo em casa geminadas, um padrão dos mais comuns nas cidades, nas casas de porta e janela, meia-morada, sobrados, etc. O madeiramento do telhado, neste caso consistia apenas nas terças transversais e caibros. O telhado de quatro águas era a cobertura mais comum nos pavilhões, o tipo construtivo mais utilizado para construções de maior porte, como casas-grandes, equipamentos públicos menores e mansões.
Qual o tipo de telha da Casa da Cultura? E quantas “águas” tem o telhado? O que são as “águas” dos telhados?

Forros
Revestimento da face inferior da laje ou de telhados de modo a constituir a superfície superior de um ambiente fechado”Os forros mais comuns eram de tábuas de madeira, planos, assentes diretamente na estrutura dos telhados, ou em um barroteamento complementar. As tábuas tinham geralmente largura aproximada de um palmo. Neste caso, a junção das peças de madeira poderia ter várias formas. Os forros mais comuns eram de tábuas de madeira, planos, assentes diretamente na estrutura dos telhados, ou em um barroteamento complementar. As tábuas tinham geralmente largura aproximada de um palmo. Neste caso, a junção das peças de madeira poderia ter várias formas. Havia também os forros com esteira de taquara. A casa da Cultura tem forro? Qual a função do forro? De que é feito o Forro da Casa da Cultura?

Pisos
O piso mais simples era de terra batida. A terra era socada com certa mistura de argila, areia e água, à qual se adicionava às vezes sangue de boi, para uma melhor liga. No piso de terra batida podia-se assentar ladrilhos de barro cozido, de 7 a 8 mm de espessura e 20 a 30 cm de largura. O desenho de assentamento podia ser de junta reta, com junta matada ou mata-junta, paralelo ou em xadrez. Especial destaque para os pisos das enxovias nas casas de câmara e cadeia.Os pisos de tábuas corridas de madeira eram os mais comuns em pavimentos elevados do solo. Em alguns lugares, a única solução possível. Os frisos de madeira tinham em torno de 40 cm de largura e espessura de 3 a 4 cm, apoiados em barrotes.Quais tipos de eram mais usados na época? Qual o tipo de piso da Casa da Cultura?

Modos Construtivos Coloniais
A alvenaria é uma técnica de confecção de muros utilizando tijolos, lajotas ou pedras de mão, aglutinados entre si por meio de uma argamassa. No período do Brasil colonial as argamassas mais utilizadas eram de cal e areia ou de barro. Os tipos são adobe, tijolo, pedra, cantaria, taipa, enxamiel e tabique. A influência da cultura negra aliada à experiência dos índios resultou num sistema de construção que, por sua leveza, pouca espessura, economia e rapidez de execução, foi amplamente utilizado na fabricação da casa cabocla. Deriva de uma estrutura de sustentação que normalmente é executada em madeira e é preenchida com solo argiloso que pode ser misturado com palha ou outras fibras vegetais, aplicada de diversas maneiras e depois regularizadas com o auxílio de desempenadeira ou ferramenta similar.
Faça uma pesquisa e descubra que outros tipos de sistemas eram usados na época. Porque se construíam assim nesta época?

Paredes
Pau-a-pique, taipa de sebe, taipa de mão, barro armado ou taipa de sopapo, são diversos nomes para um dos sistemas mais utilizados tanto nos tempos da colônia como ainda hoje em construções rurais, devido a suas qualidades – baixíssimo custo (todos os materiais são naturais), resistência e durabilidade. Conhecido dos indígenas e dos negros africanos, utilizado no Nordeste, nos Massapés e em Minas. Na sua versão mais depurada, consiste em uma estrutura mestra de peças de madeira, cuja seção pode variar 50 x 50 cm, 40 x 40 cm até 20 x 20 cm composta de esteios – peças verticais enterradas no solo, baldrames – peças horizontais inferiores, e frechais – peças horizontais superiores formando o que conhecido como sistema de “gaiola”. Os esteios tem comprimento de até 15 m, dos quais 2 a 4 m são enterrados.
Onde descobrimos como foram feitas as paredes da Casa da Cultura?

Tipos de distribuição de cômodos
A distribuição costumeira desse tipo de construção era a loja ou estabelecimento comercial que era geralmente o maior cômodo da casa. Depois vinham os dormitórios acessados por um corredor lateral, um salão e ao fundo a cozinha. Os cômodos da frente eram locais de acesso e recepção social e comercial a sala dos fundos era reservada para o convívio familiar refeições e acesso a cozinha e quintal. O mobiliário de casas como esta era geralmente escassa e pobre: redes de dormir, bancos, poucas cadeiras, e catres, mesas e baús de madeira.Além disso, a iluminação era precária, feita apenas com lampiões de latão de óleo de mamona e cera. Esse tipo de construção evoca o arraial sertanista em que os homens, conforme observou o padre jesuíta espanhol Justo Mansilla, "pouco lhes custava abandonar suas casas, pois eram feitas de taipa ou de terra e, onde quer que eles estivessem, podiam fazer outras semelhantes".
Como a distribuição de cômodos nos leva a pensar que a Casa da Cultura era um estabelecimento comercial?

Tipos de Quartos
O sistema patriarcal queria as mulheres, sobretudo as moças, as meninotas, as donzelas, dormindo nas camarinhas ou alcovas de feitio árabe: quartos sem janela, no interior da casa onde não se chegasse nem sequer o reflexo do olhar pegajento dos don Juans, tão mais afoitos nas cidades que no interior. A inexistência de cômodos do tipo alcova e o excesso de portas espalhadas ao redor da construção indicam que o uso principal da mesma sempre foi comercial destinado a receber viajantes, sobretudo homens e que muito provavelmente não havia mulheres habitando a casa. Que tipos de cômodos e quartos existiam na Casa da Cultura?

Utensílios domésticos
A falta de produtos estimularam a produção doméstica e a rotina cotidiana. Havia uma tendência à auto-suficiência e a produção em pequenas quantidades era para consumo interno e efetuada a partir de técnicas mais primitivas e trabalhosas. A fiação e a tecelagem produziam um pano grosseiro para roupas caseiras do dia-a-dia. Fabricavam-se redes de uso bastante comum. Com o avançar dos tempos, alguns produtos já podiam ser adquiridos, porém outros ainda necessitavam ser produzidos em casa. As técnicas para se fazer cerâmicas e cestarias foram muito utilizados. Também fabricava-se sabão com cinzas de vegetais queimados. O trabalho e lazer confundiam-se no dia-a-dia e afazeres manuais eram tratados como lazer e passatempo. Que tipo de objetos devia existir na Casa da Cultura?

Cozinha
Por causa de problemas causados pelo excesso de calor e fumaça era instalada nos fundos e sua parede final apoiava a chaminé do fogão liberando a casa para uma ventilação mais agradável. A cozinha tinha perto galinheiro, curral, horta e pomar. Óleo e sal eram comprados em caixeiros viajantes. Em seu espaço, funcionavam um espaço para limpeza, abate e antepreparo, e o outro para o preparo em si e era repleta de utensílios de vários tamanhos, como: gamelas, moringas, panelas de ferro, frascos, prateleiras e fogões a lenha. Assim como no campo, a cidade também não oferecia água corrente. Onde provavelmente era a cozinha da Casa da Cultura quando foi construída?

Dispensa
Itens de primeira necessidade como sal, azeite, remédios e ferramentas de trabalho eram caros e difíceis. Nada se produzia na Colônia e as pessoas levavam uma vida autossuficiente e voltada ao estritamente necessário. Nessas residências senhoriais, quase tudo era caseiro, desde a horta, o pomar e o criatório de animais de abate até os defumados, os utensílios domésticos – feitos de barro e as roupas pessoais, de cama e de banho. Dê exemplo de que tipo de alimentos eles armazenavam na época.

Banheiros

Entre os séculos XVI e XVIII experimentou-se um período de “libertação escatológica” e as funções fisiológicas eram exercitadas publicamente, à vista de todos, em qualquer hora ou lugar. Os manuais de etiqueta deste período ensinavam que o censurável não era o ato em si, mas cumprimentar, olhar ou falar com alguém que o estivesse executando. Para ser polido, o sujeito deveria fingir-se de cego. Mesmo em casas grandes, era parca a manutenção e a limpeza era precária e um verdadeiro paraíso para os insetos em geral. As atividades de limpeza corporal eram simples, reduzidas à lavagem de algumas partes do corpo, como os pés. Viajantes que passaram pelo Brasil naquela época deixaram registros de seu espanto com a falta de hábitos de higiene mais completos. Como não havia encanamentos, também não havia banheiros e se usavam urinóis nos quartos, onde também se tomava banho de jarra e bacia com sabão de cinzas.Cada pessoa dispunha, em média, de 12,5 litros de água por dia, para todas as atividades necessárias à vida (beber, cozinhar e cuidar da limpeza do corpo). A aparência das vestimentas era muito importante: a limpeza e engomação das roupas eram indicativos sociais do grau de higiene do indivíduo. Existiam banheiros na época? Como as pessoas faziam suas necessidades? Qual a importância de se ter um banheiro adequado?

Iluminação
Nessas casas, as famílias levavam uma vida severa, onde o dia começava com a aurora e terminava com o pôr-do-sol, porque não havia luz elétrica. Obtinha-se óleo para iluminação a partir de pequenos peixes chamados piabas, que apareciam em grandes cardumes em determinadas épocas do ano. Em outras regiões o mesmo foi feito com os lambaris. Não se pode esquecer do uso, em todo o Brasil, da gordura de bovinos, chamada sebo, que era empregada na fabricação de velas. E também porque era preciso economizar vela e óleo de candeeiro, artigos importados, caros e difíceis, que às vezes levavam meses a fio para chegar às cidades, com o atraso dos navios e dos tropeiros. Você consegue imaginar um mundo ser eletricidade? Como você acha que devia ser a vida sem a luz elétrica? Que dificuldades você imagina que devia existir nessa época? Você acha que devia ser fácil estudar e ler a noite? Como você acha que era a vida a noite nessa época? O que as pessoas faziam?

Usos do imóvel
Não se sabe com certeza qual o motivo da construção do imóvel que conhecemos como “Casa da Cultura” Sabe-se que deve ter sido uma parada de tropeiros nessa região para as tropas que vinham de Goiás e Pitangui e também de São Paulo para as Vilas do Ouro. Alem de abrigar algumas vezes várias famílias de uma só vez famílias o local já serviu como Mercearia de Secos e Molhados além de, também, ter sido um bar. Ao longo da história, a edificação recebeu vários usos, mas sempre recebia algum uso comercial, pelo que podemos notar. Você conhece alguém que conheceu a Casa da Cultua antes de ser centro cultural? O que é uma “venda de secos e molhados”?

Desapropriação
Em 1984, o imóvel foi desapropriado pela Prefeitura, já tendo em vista a instalação em seus domínios da Casa da Cultura.O que é uma desapropriação? Porque o governo desapropria algum imóvel?

Criação da Casa da Cultura
Em maio de 1987, foi inaugurada como Casa da Cultura Josephina Bento, em homenagem a uma das primeiras professoras da cidade, Josephina Bento da Costa. Josephina Bento muda-se para o município de Betim em 12 de abril de 1926. Josephina exerceu decisiva influência na comunidade através de uma participação operosa e permanente em obras sociais, comunitárias e sobretudo religiosas. Em 28 de maio de 1987, inaugura-se na cidade de Betim a Casa da Cultura Josephina Bento, sob responsabilidade administrativa da Funarbe. Idealizador do espaço cultural, o ex-prefeito Newton Amaral, responsável pela desapropriação do antigo casarão na Praça Milton Campos, teve seu sonho concretizado e compartilhado com a população betinense pelo prefeito Tarcísio Braga, o qual promoveu a restauração do antigo casarão e o inaugurou.
”Pesquise quem foi Josephina Bento:

Criação da Funarbe
A Fundação Artístico-Cultural de Betim – FUNARBE, foi instituída pela Lei Municipal 1.766 de 13 de abril de 1987 e modificada pela Lei 2.078 de 19 de fevereiro de 1991. Pessoa Jurídica de direito público, sem fins lucrativos, usufrui de autonomia administrativa e financeira nos termos legais. Os recursos patrimoniais e financeiros da FUNARBE, são utilizados na realização dos seus objetivos e as despesas apenas para manutenção de suas atividades e a realização de seus serviços. A FUNARBE é mantida através de recursos repassados pelo tesouro Municipal, mediante prestação de contas ao final de cada exercício ou quando solicitado. Para execução de suas atribuições e competências, a Fundação integra-se com as unidade da Estrutura Administrativa da Prefeitura em regime de mútua colaboração. Enfim, a FUNARBE é fonte de Cultura, História, Memória, Articulação e Integração da comunidade betinense.
O que a Funarbe faz? Quais eventos da Funarbe você conhece ou já participou?

Tombamento
É um instrumento legal de proteção, que visa a preservação de um determinado bem ou conjunto de bens culturais. É uma das formas possíveis de preservar os bens do nosso patrimônio cultural e incide sobre os bens materiais do patrimônio cultural, e está definido e regulamentado na Constituição Federal e em várias leis específicas. O Tombamento é uma das primeiras ações a ser tomada para a preservação dos bens culturais, na medida em que impede legalmente a sua destruição. Se um bem, conjunto de bens ou uma cidade é tombada, é porque ao longo de sua formação histórica, foi reunindo uma série de características que o fizeram um exemplar único e notável para a memória de uma região, além dos valores que possui para seus moradores. É o reconhecimento, valorização e proteção da cultura, memória e história. .O que é um “Tombamento”? O que se pode e não se pode fazer em um imóvel tombado? Somente prédios e casas podem ser tombados? Que outros tipos de coisas podem ser tombadas? Quem faz o tombamento de algo?

Referências
ALBERNAZ, Maria Paula e LIMA, Cecília Modesto. “Dicionário Ilustrado de Arquitetura”. Pro Editores. 2º Edição 2000.
ANDRADE, Antônio Luís Dias de. Vale do Paraíba, sistemas construtivos. São Paulo: FAUUSP, 1984.
BETIM, Fundação Artístico Cultural de Betim - Funarbe. Departamento de Patrimônio Cultural. Dossiê de Tombamento - Casa da Cultura Josephina Bento. Betim, 1998.
COSTA, Lúcio. Documentação necessária. In: Revista do SPHAN, Rio de Janeiro, n.1, p.31-9, 1937.
HUE, Jorge de Souza. Uma visão da Arquitetura Colonial no Brasil. Rio de Janeiro: Agir, 1999
PISANI, Maria Augusta Justi. “Taipas: A Arquitetura de terra”. Artigo.
REIS FILHO, Nestor Goulart. Quadro da Arquitetura no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 1970
SCHIMIDT, Carlos B. Construções de taipa: alguns aspectos do seu emprego e da sua técnica. Boletim de Agricultura. São Paulo, Secretaria da Agricultura, 1946, série 47ª.
SMITH, Robert: “Arquitetura Civil do Período Colonial”. Separata da Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Vol. 17. Rio de Janeiro, 1969.
TOLEDO, Benedito Lima de. Cap. 3: Do século XVI ao início do século XIX: maneirismo, barroco e rococó, itens 3.1.a 3.4. In: ZANINI, Walter, org. História geral da arte no Brasil. São Paulo, Instituto Walther Moreira Salles, l983. v.1, pp. 103-118.
VASCONCELLOS, Sylvio de. Arquitetura no Brasil – sistemas construtivos. Belo Horizonte, Escola de Arquitetura UFMG, 1958.
Fontes:
Acervo de Fotos – Casa da Cultura – Departamento de Patrimônio Cultural

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